Em quanto tempo você pode mudar um hábito?

Escovar os dentes, colocar o cinto de segurança no carro, preparar o café da manhã. Essas atividades já são tão automáticas em nosso cotidiano que não exigem esforço algum para serem executadas. Mas, antes de elas se tornarem um hábito e passarem a ser feitas no "piloto automático", precisaram ser treinadas e aprendidas. Para algumas pessoas, no entanto, mudar um hábito ou inserir um novo na rotina é um grande desafio e pode comprometer a rotina de trabalho e a de estudos. Surge a dúvida: qual a melhor estratégia para colocar isso em prática?

A mais conhecida é a teoria que diz que são necessários 21 dias. Essa ideia surgiu após a publicação do livro Psycho-Cybernetics (Psicocibernética), em 1960, por Maxwell Maltz, um reconhecido cirurgião plástico da Columbia University (EUA). Nele, Maltz comenta que seus pacientes levavam 21 dias para acostumar-se com uma mudança física provocada pela cirurgia. Nasceu daí a teoria de que esse é o período necessário para mudar um hábito - embora Maltz nunca tenha afirmado isso.

No entanto um estudo realizado por Phillippa Lally, da University College of London, em 2009, mostrou que a formação de um hábito pode levar muito mais do que isso. 96 voluntários foram orientados a escolher um comportamento saudável que ainda não tinham, repeti-lo a cada dia e convertê-lo em hábito. O resultado foi que os participantes levaram entre 18 e 254 dias para conseguir a mudança - a média de tempo foi 66 dias.

O segredo está na motivação
Em geral, adotamos um hábito para obter uma recompensa. Por exemplo, lanchar sempre no mesmo horário para fazer um intervalo no trabalho ou praticar uma atividade física para emagrecer. "A mudança envolve interromper um ciclo em que um determinado gatilho aciona o comportamento que vai gerar a melhor recompensa. Ou seja, envolve ensinar ao cérebro uma nova maneira de pensar e agir", comenta a coach Silvia Pahins.

Esse processo, segundo ela, é um desafio pois é necessário trocar um comportamento por outro que ofereça esse mesmo retorno. Para isso, é preciso haver clareza sobre a motivação dessa troca de hábito. "Com isso, vêm a disciplina e a persistência necessárias para sair do automático", afirma.
E isso vale também para o trabalho e os estudos. Procrastinar tarefas, chegar atrasado, realizar trabalhos sempre da mesma maneira e distrair-se com as redes sociais, por exemplo, são alguns hábitos que podem ser mudados.

Veja, a seguir, algumas dicas para levar a cabo uma mudança de forma efetiva.

 
1. O novo hábito precisa fazer sentido.

Não adianta praticar atividades físicas regularmente, por exemplo, se isso não estiver conectado com algo importante para você nem alinhado com seus objetivos e valores. Por isso, antes de começar a nova atividade, pergunte-se: "Isso faz sentido para mim?".
2. Paciência é importante.

É mais fácil adquirir um mau hábito do que um bom. Isso acontece porque os maus hábitos costumam proporcionar prazer a curto prazo - e isso agrada à nossa porção imediatista, que quer ter tudo agora. Por isso é preciso paciência. Um bom hábito pode trazer benefício a médio ou longo prazo, mas seu resultado será muito mais vantajoso.
3. É necessário abandonar a zona de conforto.

Toda mudança gera certo nível de ansiedade, por isso os primeiros dias do novo hábito parecem mais difíceis. Porém, com a prática, a ação vai se tornando mais fácil.
4. Criar um gatilho pode ajudar.

Uma boa forma de executar o novo hábito é junto com uma atividade corriqueira. Por exemplo: "Depois de tomar café da manhã, vou fazer 20 flexões." ou "Antes de sair para o trabalho, vou meditar por 15 minutos".
5. Falta motivação? Una-se a um grupo.

"Quando fazemos parte de um grupo ou estamos conectados a pessoas com os mesmos objetivos, somos capazes de encontrar força, apoio e motivação para seguir em frente nos momentos em que o conforto do velho hábito nos chama", diz Silvia Pahins. Então saia em busca dessas pessoas - ou forme seu próprio grupo.
6. Não é preciso ser perfeito.

Decida uma data e comece. No primeiro momento, pode não resultar em algo perfeito. Mas, com a prática, você seguirá melhorando. "Iniciar sem exageros é uma boa estratégia. Se a busca é por inserir uma nova atividade física, por exemplo, é melhor começar com 30 minutos e ir aumentando o tempo aos poucos, para que corpo e mente possam assimilar a novidade", orienta Silvia Pahins.
7. Cada pessoa tem o seu tempo.

Não existe receita de bolo. Cada pessoa reage de uma forma à mesma tarefa: enquanto uma não vê dificuldades, outra pode achar a mudança complicada. Respeite seu tempo.
8. Mude um hábito por vez.

O melhor é sempre focar em uma mudança de hábito por vez. Se você tem muitas metas e tentar cumpri-las ao mesmo tempo, pode acabar não cumprindo nenhuma.