Notícia

Sacos de polipropileno, uma nova escolha sobre a melhor maneira de acondicionar as sementes
    Agronegócio

    Evolução no setor de sementes tratadas

    Normas e regulamentações são criadas, na maior parte das vezes, com boas intenções, e visam proteger a sociedade. O problema é que nem sempre os órgãos reguladores conseguem acompanhar a evolução tecnológica dos setores regulados, e muitos textos tornam-se obsoletos, gerando efeito oposto ao desejado inicialmente. O setor de embalagens para sementes tratadas é um ótimo exemplo disso. Em 2005, foi incluído no texto de uma Instrução Normativa do Ministério da Agricultura (IN 9/2005) a proibição ao uso de embalagens de polipropileno (os tradicionais sacos de ráfia) para acondicionar sementes protegidas com fungicida, um mercado de grande valor agregado alimentado pela pujança do agronegócio. A norma foi atualizada no final de 2015 (IN 33/2015), após estudos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) comprovarem que o uso de embalagens plásticas era adequado aos produtores de sementes.

    Por trás dessa mudança está uma ação conjunta da Afipol (Associação Brasileira dos Produtores de Fibras Poliolefínicas) , que congrega fabricantes de sacos de ráfia, e da Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas das Américas. "No período em que a IN 9/2005 foi redigida, as sementes eram tratadas com fungicidas em pó, e os sacos de ráfia não tinham vedação tão boa, o que fazia com que houvesse alguma migração para fora das embalagens", explica André Giglio, especialista de mercado da Braskem que coordenou os trabalhos para reverter a proibição. "Só que tanto a tecnologia de tratamento das sementes quanto a de fabricação de embalagens de ráfia evoluíram muito desde aquela época, enquanto o texto da norma permaneceu intacto, impedindo o avanço dos sacos de polipropileno nesse segmento." Com a alteração do texto, ficou a cargo dos produtores a escolha sobre a melhor maneira de acondicionar as sementes, e desde então a ráfia vem ganhando espaço nas lavouras.

    Leitura semelhante é feita por Ricardo Vívolo, presidente da Afipol. "No início dos anos 2000, efetivamente nossas embalagens não atendiam todas as necessidades técnicas daquele mercado. O saco anterior, de boca aberta, costurado, não era mesmo a melhor opção, e por isso o papel acabou ocupando espaço." Foi justamente nesse contexto que o Ministério da Agricultura redigiu a antiga norma. Desenvolvimentos tecnológicos, contudo, transformaram o Brasil num centro de excelência na produção de embalagens de ráfia, permitindo a fabricação de sacos soldados, laminados e nanoperfurados, com características perfeitamente alinhadas com os requisitos do setor agrícola. "O Brasil já tinha máquinas para soldagem de sacos de ráfia desde o final dos anos 1990, mas olhávamos mais para o setor de fertilizantes", lembra Vívolo. "O setor evoluiu muito, cresceu em diversos mercados, como o de farinha de trigo, mas acabou ficando de fora desse importante segmento das sementes tratadas."

    O cenário começou a se modificar três anos atrás. "Em 2014, procuramos a Embrapa para solicitar que fossem conduzidos estudos que avaliassem o desempenho técnico da ráfia na proteção das sementes tratadas e na segurança das pessoas que manuseassem as embalagens", explica Giglio. "Foram quase dois anos de pesquisas seguindo todos os protocolos científicos, que culminaram com a recomendação de que a Instrução Normativa retirasse a proibição à ráfia, deixando aos produtores a decisão sobre a escolha do material de embalagem, dentre as opções tecnicamente viáveis." Os resultados dos estudos foram apresentados pelos pesquisadores da Embrapa em congressos do setor, em 2014 e 2015, e serviram de base para que o Ministério da Agricultura chegasse à nova redação da Instrução Normativa.

    Com boas características técnicas e condições comerciais equilibradas, os sacos de polipropileno logo ganharam espaço. "A nossa embalagem é mais resistente, tem mais shelf life e aguenta a exposição à umidade, e os produtores de sementes tratadas entenderam essas vantagens", explica Ricardo Vívolo. "Tanto que, desde que a Instrução Normativa foi atualizada, a ráfia vem crescendo rapidamente nesse mercado." A busca dos fabricantes de embalagens de ráfia por inovação prometem fortalecer ainda mais essa presença. Hoje, já são oferecidas opções com alças e com sistemas de fácil abertura, colocando à disposição do agronegócio (e de outros segmentos usuários desse tipo de embalagem) conceitos de conveniência já consagrados no mercado de consumo.

    O apoio da Braskem nesse processo foi fundamental, desde o trabalho com a Embrapa até a escolha da melhor resina para laminação", reconhece o presidente da Afipol. "A Braskem nos apoiou, assim como nos apoia em outros segmentos de mercado, como o de farinha de trigo, o de gesso e o de farelo de trigo, de forma que nossa expectativa para os próximos anos é muito positiva."

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