Reciclagem de fraldas já é realidade no Brasil
Quem tem filhos certamente já se questionou sobre o impacto ambiental causado pelo simples descarte das fraldas usadas por crianças. Essa ação, repetida inúmeras vezes até a "independência" das mesmas, por volta dos três anos de idade, tem o potencial de encher de culpa pais e mães mais conscientes.
Um projeto genuinamente brasileiro, porém, promete resolver esse drama de consciência. A Boomera, empresa que trabalha para reinserir no ciclo produtivo recursos descartados, desenvolveu uma solução que esteriliza fraldas usadas e aproveita o plástico recuperado para injetar novas peças. "O projeto começou em 2015, numa parceria com a Universidade Presbiteriana Mackenzie", conta Guilherme Brammer, CEO da Boomera. "Encontramos, em base laboratorial, uma possibilidade de esterilização das fraldas, e depois uma forma de reaproveitar o material esterilizado." Após passar por essa fase de validação científica, foi criada uma linha pré-industrial, com capacidade para reciclar 10 toneladas de fraldas por mês.
Tampas injetadas com material oriundo da reciclagem de fraldas descartáveis
Além de obter a esterilização das fraldas, foi descoberta uma forma de quebrar as moléculas do gel superabsorvente, o que é um complicador no processo de reciclagem. "O gel sai junto com as fezes e a urina, o material retido é triturado e transformado numa resina plástica própria para injeção", detalha Brammer. "O primeiro produto que fizemos foram cestos de lixo para descarte de fraldas." Hoje a Boomera diz já ter desenvolvido outras peças com o material, como cabides para roupas infantis e acessórios para bebês.
Atualmente, a Boomera está reciclando 5 toneladas de fraldas, como resultado de um projeto piloto de coleta realizado em São Paulo. Mas a empresa anuncia planos de ampliação desse volume. "Estamos trabalhando com fabricantes de fraldas para criar programas de reciclagem mais amplos, para que o projeto ganhe escala", conta o executivo, sem entregar mais detalhes do projeto.