Entrevista

Patrick Teyssonneyre
    inovação e tecnologia

    "Somos orientados a interagir com o mercado"

    Normalmente associada a Produto Interno Bruto, a sigla PIB também é abreviatura para o Programa de Inovação Braskem. Instituído em 2004, ele representou um marco para a companhia, sistematizando seus processos de pesquisa e desenvolvimento. Nos dez anos seguintes, o PIB guiou a execução de 290 projetos, que geraram 131 novos produtos no campo dos plásticos. Destes, quase a metade destinou-se ao mercado de embalagens, como resinas específicas de polietileno e polipropileno preparadas sob medida para aplicações específicas. Diretor de Inovação e Tecnologia para Polímeros da Braskem, Patrick Teyssonneyre explica como os recursos científicos da companhia podem ajudar brand owners a melhorar produtos.

    Pode ser difícil para um brand owner pequeno investir sozinho em pesquisas. Mas, se empresas concorrentes se entenderem e aceitarem desenvolver uma solução comum, porque ela é estrutural para seu setor, isso ajuda a gerar escala e viabilidade para o projeto." Patrick Teyssonneyre, Braskem

    De que forma o Programa de Inovação Braskem pode materializar inovações no acondicionamento de produtos?
    Patrick Teyssonneyre   - Por cultura empresarial, somos orientados a interagir com o mercado. A todo o momento procuramos entender as necessidades dos transformadores, que produzem embalagens e outros artefatos plásticos, e dos brand owners. Isso nos permite detectar problemas, oportunidades ou tendências, que após estudos de viabilidade podem gerar investimentos em projetos. Também estamos abertos a participar de movimentos iniciados por parceiros. Pesquisadores, como nós, gostam de receber desafios.

    Quais as novidades tecnológicas mais promissoras para o mercado de embalagens?
    Patrick Teyssonneyre   - Acreditamos bastante nas embalagens inteligentes, ativas, de atributos funcionais avançados. Não é feeling, é algo sustentado por conversas com o mercado. Confiamos na difusão das embalagens com barreiras seletivas, que impeçam ainda mais a penetração de elementos indesejáveis no interior das embalagens ou que aprimorem trocas de gases entre o conteúdo e o ambiente. Também serão vedetes as embalagens que mudam de cor ou que sinalizem de alguma outra forma contaminações ou violações das embalagens. Já temos estudos em andamento sobre tecnologias desses gêneros. Elas prometem diminuir desperdícios e aumentar a eficiência da distribuição de alimentos e de outros produtos.

    É possível prever o impacto de custo das inovações em embalagem ainda no estágio inicial das pesquisas?
    Patrick Teyssonneyre   - Em alguns projetos, sim. Se já tivermos uma ideia da rota tecnológica que pode ser adotada para desenvolver a solução, conseguimos fazer uma previsão. Ela pode ter certo grau de imprecisão, mas já permite que o brand owner estime o impacto de custo da inovação em seu negócio e avalie se vale a pena ou não avançar nas pesquisas. Por outro lado, é bom que o brand owner saiba o quanto antes o incremento de custo aceitável para uma inovação. Isso passa a ser uma referência para nós, um critério para a definição da resolução do problema.

    Brand owners não podem se unir para compartilhar os proveitos de pesquisas?
    Patrick Teyssonneyre   - Essa é uma possibilidade da inovação aberta. Pode ser difícil para um brand owner pequeno investir sozinho em pesquisas. Mas, se empresas concorrentes se entenderem e aceitarem desenvolver uma solução comum, porque ela é estrutural para seu setor, isso ajuda a gerar escala e viabilidade para o projeto. A inovação cada vez mais é orientada pelo princípio da parceria, da cooperação. Isso implica relações de confiança. É um princípio que vale inclusive para relações entre parceiros de diferentes elos da cadeia. Inovação colaborativa pressupõe comunhão em todos os sentidos.

    Quão distantes estamos do esgotamento das possibilidades de inovação em plásticos?
    Patrick Teyssonneyre   - Em 2004, quando implantamos nossa sistemática de gestão da inovação, pensávamos que uma hora poderíamos atingir uma maturidade tecnológica tal que não teríamos mais o que lançar. Mas é impressionante como nunca passamos por isso. Acredito que nunca ocorrerá. É óbvio que os setores são diferentes. Existem curvas de amadurecimento distintas. Na química renovável, estamos no começo da história com nosso Plástico Verde, que recebe a marca I'm Green. Mesmo em outro setor mais maduro, as oportunidades não são tão abundantes, mas existem. O consumidor exige cada vez mais. Consequentemente, o brand owner exige mais. Há forças de todos os lados colaborando para criar demanda por aumentos de performance no processo de produção, um melhor desempenho na prateleira do supermercado, um incremento para o uso doméstico. A necessidade de aperfeiçoamento é contínua, assim como a necessidade de depurar novas ideias. Queremos nos unir a diferentes agentes do mercado para continuar a trilhar esse caminho.

     

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    TAGS: inovação, tecnologia, colaboração, pesquisa e desenvolvimento, tendência, pesquisas, parcerias

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