Entrevista

Lincoln Seragini
    packaging

    O plástico deu vida ao desenho industrial

    Hoje, é difícil encontrar quem duvide da importância da embalagem para os negócios. Mas quando Lincoln Seragini, diretor da Seragini Consulting, iniciou sua carreira, há quase cinco décadas, invólucros eram vistos pela maioria das empresas brasileiras como despesa, um mal necessário. Seragini ajudou a mudar aquela mentalidade. Primeiro, nos departamentos de packaging da Nestlé e da Johnson & Johnson. Depois, em sua agência de design - que desde 1981 já realizou mais de 20 mil projetos, de variados escopos, para mais de 1,5 mil clientes. Nesta entrevista, o engenheiro, designer e estrategista explica por que considera o plástico "prodigioso" para o desenho industrial.

    Que impacto teve a difusão dos plásticos para o design de embalagens?
    Lincoln Seragini - Foi uma festa. O plástico deu vida ao desenho industrial, fez a atividade evoluir e ganhar importância. Com sua popularização após a Segunda Guerra Mundial, os polímeros sintéticos revolucionaram não só o design de embalagens, mas tudo. Mudaram o mundo. E o bonito nos plásticos é o dinamismo. A evolução não para. A cada momento surge uma resina nova, uma aplicação nova.

    Quais foram os momentos marcantes do uso do plástico em sua carreira?
    Lincoln Seragini
    - Houve muitos. Em 1970, desenvolvi uma das primeiras embalagens plásticas de xampu do mercado brasileiro. Foi para a marca Halo, da Colgate-Palmolive. Até então, o frasco era de vidro. Quem imaginaria, hoje, ter vidro na área de banho? Mais recentemente, um projeto que marcou foi o dos amaciantes Ypê (Química Amparo). A silhueta do frasco foi inspirada na figura de uma mulher grávida. A embalagem catapultou as vendas do produto.

    Quais são as qualidades do plástico para a criação de apresentações de produtos?
    Lincoln Seragini
    - Não existe recurso mais rico. O plástico pode gerar embalagens rígidas, semirrígidas, flexíveis. Essa versatilidade, aliada aos métodos de decoração e acabamento, permite ao designer criar verdadeiras obras de arte. A embalagem tem de cumprir requisitos técnicos, econômicos, logísticos e hoje também os ecológicos. Mas, no final das contas, ela é percebida por sua expressão estética. Para vender, ela tem de seduzir. E a atração decorre das formas, cores, imagens. O plástico é prodigioso nesse sentido e possibilita aquilo que deveria ser o objetivo superior das empresas: criar embalagens singulares, inusitadas, que se tornem ícones.

    Como as indústrias usuárias podem tornar o desenvolvimento de embalagens mais ágil e eficiente?
    Lincoln Seragini
    - Muitas empresas usuárias aproveitam mal a força da embalagem, o potencial que ela tem para decidir vendas, fortalecer marcas, otimizar custos em toda a cadeia. O maior problema é gestão. A embalagem, não raro, é órfã. Quem comanda os projetos? É preciso definir, senão fica difícil acomodar todas as demandas. Não dá para fixar a priori um limite de custo e tentar fazê-lo comportar todas as funções da embalagem. Também é preciso pensar na cadeia inteira. Se você vai iniciar um processo e tem a ambição de criar algo inédito, de fugir da imitação, comece pelo começo. Os fabricantes de matérias-primas podem sugerir um recurso novo, uma aplicação inusitada. Integração é fundamental.

    Compartilhe
    1 voto
    TAGS: design, embalagens, design de embalagens, packaging, agência de design, consultoria, designer, desenho industrial, marca, branding, embalagem, sustentabilidade

    Não encontrou o que procura?

    Escreva abaixo os assuntos sobre embalagens que você gostaria de ver por aqui.

    Isso também pode te interessar