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Especialista comenta estudo de Houston

Maceió, 30 de setembro de 2019 - Estudo de pesquisadores da Universidade de Houston faz uma análise crítica do relatório da CPRM sobre os fenômenos geológicos nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro. Para eles, tremores de origem natural, falhas geológicas e má qualidade do solo não podem ser descartados como causas do problema. José Roberto Brandt, engenheiro com doutorado pela University of Alberta (Canadá) e diretor executivo da Geoprojetos - empresa especializada em geotecnia com mais de 30 anos de experiência e atuação internacional -, atua como assistente técnico da Braskem e comenta o trabalho feito pelos pesquisadores.

O estudo dos pesquisadores da Universidade de Houston, que tem como base os resultados e as informações disponíveis até agora, afasta a relação direta entre a extração de sal-gema do evento geológico nos 3 bairros da capital alagoana. Por quê? 
José Roberto Brandt - Os professores de Houston dizem que não há, diante do que foi realizado e apresentado no relatório síntese da CPRM, bases suficientes para afirmar que a extração de sal-gema é a principal responsável pelas subsidências. Eles também afirmam que há vários outros fatores envolvidos com mais responsabilidade.

Na avaliação dos pesquisadores de Houston, houve falhas na metodologia aplicada pela CPRM?
JRB - Sim, eles apresentam uma série de críticas sobre a forma como os dados foram obtidos e analisados e afirmam que, com base nos dados disponíveis, não há como chegar às conclusões a que a CPRM chegou.

Por que a Braskem escolheu a Universidade de Houston para fazer o estudo do laudo da CPRM? 
JRB - O Texas é o estado dos Estados Unidos com a maior tradição em tecnologia em óleo e gás no mundo. É uma referência na exploração de petróleo e gás. As tecnologias disponíveis no Estado, particularmente em Houston, onde a maioria das grandes empresas de petróleo tem sede, fazem da cidade um centro de excelência em pesquisas nessa área, centradas na Universidade de Houston. Lá estão grandes nomes da área de sismologia, geofísica e geologia, todos egressos de grandes centros de pesquisa e com doutoramento em grandes universidades dos Estados Unidos e Europa.

Para testar as hipóteses do relatório da CPRM, os pesquisadores aplicaram algum método ou tecnologia que não foi usada aqui?
JRB - As técnicas utilizadas lá são semelhantes às usadas aqui. Só que os recursos computacionais deles são, às vezes, superiores aos nossos. Então, os pesquisadores de Houston usaram um supercomputador para fazer uma modelagem em três dimensões, simulando um eventual desabamento de todas as cavernas de sal da região. O resultado obtido para as subsidências foi cerca de 67 vezes menor do que o afundamento (o termo técnico é subsidência) medido pela interferometria da CPRM, o que é uma enorme disparidade. Eles concluíram que algum outro mecanismo ou mecanismos, não relacionados às cavidades de salmoura, devem ser a causa dominante dessa subsidência.

Para essa etapa do trabalho dos pesquisadores de Houston, era necessária a pesquisa de campo aqui em Alagoas?
JRB - Não. Os trabalhos desenvolvidos pelos pesquisadores tiveram como base exclusivamente os documentos publicados pela CPRM (Relatório Síntese e seus Anexos e Apêndices). Com isso, não vejo necessidade de visita ao local. Trata-se de uma avaliação crítica de documentos existentes e não de desenvolvimentos de estudos.

Esse tipo de consultoria a empresas, feita por acadêmicos, é um procedimento usual e válido no seu embasamento técnico?
JRB - A Universidade de Houston é uma entidade com enorme reputação no mercado mundial de óleo e gás. Esses pesquisadores jamais teriam qualquer atitude pouco ética para agradar um contratante.  Então, na minha visão, esse assunto está fora de questão. O laudo é totalmente isento. É pratica comum, no Brasil e no mundo, professores universitários, dos grandes centros de pesquisa, se envolverem em consultorias especializadas. Esses profissionais estão constantemente se atualizando por meio de pesquisas de seus alunos, têm acesso a todas as publicações técnicas recém lançadas, participam de seminários, congressos, palestras, intercâmbios e todo tipo de aperfeiçoamento. Sendo assim, eles estão sempre no "estado da arte" nas suas áreas de conhecimento. Dessa forma, a contratação desses profissionais, em casos de grande repercussão e dificuldade técnica é muito sadia e eficaz. Normalmente, as universidades têm uma estrutura empresarial para gerenciar os serviços dos professores, fazendo a gestão dos contratos e o ressarcimento das horas despendidas pelo professor na consultoria individual.

A Braskem tinha (ou tem) autorização para apresentar estudos complementares? O que o senhor pode dizer sobre isso? 
JRB - Certamente, para que seja um processo correto e justo, a Braskem tem o direito e o dever de fazer seus próprios estudos e avaliações. Fazendo uma comparação com a medicina é como se um paciente recebesse um diagnóstico delicado e fosse verificar com outro médico para pedir uma segunda opinião.

O estudo de Houston traz uma mensagem para os moradores? 
JRB - Neste momento, o que está sendo feito é uma verificação das conclusões do relatório da CPRM para se garantir que o diagnóstico está correto. E porque essa verificação? Porque hoje, a única opinião que existe sobre as subsidências é aquela que está no documento da CPRM.  Então, considerando a complexidade da situação, ficaram ainda algumas perguntas. Será que a avaliação técnica considerou todas as hipóteses? Será que as soluções com base no diagnóstico existente irão, de fato, resolver o problema? Só é possível a um médico receitar um remédio a um paciente se ele tiver certeza do diagnóstico. O remédio correto e aplicado na quantidade certa traz a recuperação do paciente.  O remédio errado ou a quantidade errada pode trazer mais complicações. Por isso, entendo a razão da Braskem para pedir essa "segunda opinião" do diagnóstico. 

 

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